quarta-feira, 29 de setembro de 2010

DEZ ANOS DEPOIS...

Por que será que Deus se cala?


Nas horas mais críticas, em que nos deparamos com uma bifurcação, e precisamos saber qual a direção mais correta... o que se ouve? – NADA.
Silêncio.
Talvez um passarinho cantando de longe, ou um grilo ronronando debaixo de você... é possível ainda ouvir o vento levando uma folha seca.

Será, então, que não se ouve NADA?
Será, mesmo, que NADA está acontecendo?
Será que, de fato, estamos sozinhos diante da bifurcação?

Deus se cala para que possamos decodificar seu silêncio.
Melhores amigos não expressam suas opiniões mais íntimas através de palavras, em momentos cruciais, diante de uma platéia.
Eles apenas se olham.
O silêncio já diz o que pensam.
Eles se entendem. (Gra, nós sabemos bem disso.)

Confesso que nos últimos meses, tudo o que eu gostaria era que Deus gritasse!
Preciso tanto entender pra onde ir...
O que fazer...
Mas... silêncio.

Tanta coisa acontecendo e ao mesmo tempo... NADA me mostra uma sombra de mudança.

Tantas coisas que não ACHO JUSTAS.
Afinal, eu só quero fazer a vontade dEle.

Mas será mesmo?
Meu Deus, onde foi parar aquela chama arrebatadora, que me fazia explodir quando eu começava a cantar?
Onde foi parar a paixão que me fazia ser quem eu sou?
Pra que ser mais uma voz?
Pra que mais um CD?
Pra que viver? Isso, pra mim, não é viver!
Pra que? Pra que???

Eu nunca fui popular. (não que eu quisesse ser)
Nunca estive dentro dos padrões de beleza.
As pessoas não costumavam ser sinceras comigo.
As pessoas costumavam a não dar nada por mim.
Eu era ignorada.
Me tornei tímida.
Eu só chorava.
Eu sempre me sentia (e eu, de fato, era – e ainda sou) sozinha.

Isso era vida?
NÃO.
Pra mim, não.

A primeira parte de Atos 20.24 começou a fazer-se real pra mim aos 14 anos...
“Em NADA tenho minha vida como preciosa...
Eu não queria viver.
Eu desejava não acordar.
Só não dava uma forcinha pra isso porque não queria passar a eternidade separada de Deus.
Eu não queria ver ninguém.
Não queria falar com ninguém.
Viver não tinha graça, não tinha razão.
Eu sobrevivia.

Aos 16 anos, finalmente, algum sentido pra respirar me apareceu.
Do outro lado do mundo.
Veio parar nas minhas mãos uma carta.
Fotos.

Um grupo de cerca de 30 crianças, com pezinhos no chão de terra batida, em frente a uma construção com teto de palha e barro.
Todas elas... todas!!! ...Abraçadas à Bíblia.

O que era aquilo, meu Deus?
Um pastor, da Índia, encontrou meu email numa procura no Google, pediu meu endereço e me escreveu.

Na carta ele me chamava de QUERIDA NATH e dizia que aquelas crianças ORAVAM POR MIM TODOS OS DIAS, nos últimos 4 meses.

Meu Deus... o que foi aquilo?
A segunda parte de Atos 20.24 fez sentido:
“Em NADA tenho minha vida como preciosa... CONTANTO QUE EU CUMPRA COM ALEGRIA A CARREIRA QUE ME FOI PROPOSTA E O MINISTÉRIO QUE RECEBI DO SENHOR JESUS CRISTO, A FIM DE QUE EU DÊ TESTEMUNHO DO EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS.”

Viver... pra que?

PRA IR.

Como eu queria abraçar cada uma daquelas crianças.
Naquele dia, escrevi minha primeira canção.
O nome?
ENVIA-ME.
Descobri quem eu sou.
Acordar todos os dias e respirar... passou a fazer sentido.
IR.

E hoje... 10 anos depois.
Estou eu aqui... tentando não me preocupar com o que as pessoas pensam que eu deveria fazer ou ter.
Tentando não pensar que estou ficando velha.
Tentando não me preocupar se alguém me acha bonita ou não.
Tentando... tentando... tentando PARAR DE OLHAR PARA O MEU UMBIGO!

Meu Deus...
Se antes eu chorava por não querer viver...
Hoje eu só choro por querer olhar pra quem realmente importa – Ele e os PERDIDOS.

Hoje entendo que o silêncio não é o pior de tudo.
Se existe culpa nesse silêncio... ela é toda minha.
Porque, na verdade, quem não está entendendo o silêncio sou eu.
Se a minha amizade estivesse tão harmoniosa, eu não teria problemas para entender o que meu MELHOR AMIGO quer me dizer.

O motivo de não escutar nada diante da bifurcação...
Não é o fato de estar sozinha olhando pra ela.
Na realidade, Ele está bem do meu lado. Melhores Amigos fazem isso.
Ele não diz nada porque sou EU que PRECISO ESCOLHER.
Ele só me olha porque sabe que a resposta... está dentro de mim.

Por que?
Porque é tempo de crescer.
É a vontade do passarinho... de voar... cantar por aí... porque não se sente parte de (quase) nada onde está.
Parece que a gaiola está pequena, e já tem pedaços pulando pra fora por não caber mais.

Eu sempre quis entender por que sinto uma solidão que me consome.
Apesar de rodeada de pessoas...  muitas pessoas! sempre... SOZINHA.

Às vezes me pego olhando pra baixo...
Isso é coisa de aves que ciscam.
Mas no fundo eu sei... que a alma dessa que, tantas vezes, olha pra baixo, é de ave que voa alto.
Porque aves que ciscam não resistem a muita coisa.
Elas não trocam de penas.
Têm uma vida rotineira de ciscar, botar e blá blá blá (ou có có có)

Águias não.
Elas não voam em bandos.
A vida delas é uma aventura constante.
Não têm alguém que dê o milho diário no mesmo bat horário, no mesmo bat lugar.
Elas caçam.
(Alguém lhes dá o que caçar, eu sei... mas) caçam, lutam.
Voam sozinhas.
Fazem seus ninhos no alto.
Trocam suas penas, ficam feias.
Sozinhas.
Matam seus inimigos.
Mas voltam à tona mais fortes do que nunca.
E cada vez voam mais alto porque sabem pelo que já passaram.

Eu nunca vou entender por que não só me sinto, mas por que vivo assim.
Mas como disse uma amiga (Vanessa Capochim) há alguns anos...
“EXISTEM COISAS QUE NÃO PRECISAMOS ENTENDER, NATH.
CALA A BOCA E VIVE”.


Pois bem.
As palavras me acabaram.
Lágrimas são tudo o que tenho.
Silêncio.
Shhh.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sentir... porque Ele sentiu.

Remar contra a maré já é difícil. Mas a sensação de morrer na praia é simplesmente devastadora.

Por que Deus permite que nós experimentemos os extremos das emoções?
Parece muito fácil só observar, como num filme, personagens vivendo...
Do desespero agonizante – que chega a tirar a capacidade de raciocínio – ao êxtase da alegria, que não dá vontade sequer de dormir...

Fácil pra quem já sabe o final de tudo.
Fácil pra quem hoje apenas observa, PORQUE UM DIA JÁ VIVEU ISSO TUDO.

O que será que o ser humano aprende em meio a essa oscilação?

DO MEU AUTOR FAVORITO: MAX LUCADO...

"Cada página dos evangelhos nos leva de volta a este princípio crucial: Deus sabe o que você está sentindo. Do funeral à fábrica, à frustração de uma agenda exigente. Jesus entende. Quando você diz a Deus que chegou no seu limite, ele sabe o que quer dizer. Quando balança a cabeça diante de prazos impossíveis, ele balança também. Quando seus planos são interrompidos por pessoas que têm outros planos, ele sente a mesma coisa. Ele esta lá e sabe como você se sente.



Antes de resumir nossa história desse dia estressante na vida de Jesus, deixe-me levar você para um outro dia, ainda mais recente.


Dia 15 de fevereiro de 1921, em Nova York, numa sala de cirurgia do Hospital Kane Summit, um médico estava executando uma apendicectomia.


Muitas vezes, os eventos que levam a uma cirurgia são rotineiros; o paciente reclama de dores abdominais agudas, o diagnóstico mostra claramente uma inflamação no apêndice. O médico Evan O'Neill Kane estava liderando essa cirurgia. Em sua distinta carreira médica de 37 anos, já tinha realizado quase 4 mil apendicectomias; por conseguinte, essa cirurgia seria mais uma rotineira, exceto por dois motivos.



A primeira novidade dessa operação? O uso de anestesia local na cirurgia principal. O doutor Kane era um combatente dos riscos da anestesia geral. Ele argumentava que uma aplicação local era mais segura. Muitos dos seus colegas concordavam com ele, a princípio, mas para concordarem na prática, teriam de ver a teoria sendo aplicada.


Dr. Kane estava a procura de um voluntário, um paciente que queria se submeter a uma cirurgia sob os efeitos de anestesia local. Não foi fácil encontrar um voluntário; muitas pessoas tremiam só de pensar que estariam conscientes durante a cirurgia. Outras tinham medo de que o efeito da anestesia terminasse logo.


Finalmente, apesar de tudo, Dr. Kane encontrou um candidato. Na terça-feira de manhã, 15 de fevereiro, a histórica operação aconteceu.



O paciente fora preparado e já colocado na sala de operações. Uma anestesia local fora aplicada. Do mesmo modo como já tinha feito milhares de vezes, Dr. Kane cortou os tecidos superficiais e localizou o apêndice, habilidosamente removeu o apêndice e concluiu a cirurgia. Durante o procedimento, o paciente reclamou apenas de desconfortos mínimos.


O voluntário foi levado para o pós-operatório e colocado sob cuidado hospitalar. Ele se recuperou rapidamente e foi dispensado dois dias depois.


Dr. Kane provou sua teoria. Graças à disposição de um voluntário corajoso, Kane demonstrou que a anestesia local era uma alternativa viável e até preferível.



No entanto, eu disse que havia dois fatos que diferenciaram essa cirurgia. Disse que a primeira foi o uso da anestesia local. A segunda foi o paciente: o candidato corajoso para a cirurgia do Dr. Kane foi o próprio Dr. Kane.


Para provar que estava certo, Dr. Kane operou a si mesmo!


Sábia decisão. O médico se tornou o paciente de modo a convencer outros pacientes a acreditarem no médico.


Compartilhei essa história com vários profissionais da saúde. Cada um me deu uma resposta: sobrancelhas altas, sorrisos suspeitos e palavras duvidosas: "Não dá para acreditar!"


Talvez não dê mesmo. Mas a história do médico que se tornou seu próprio paciente é poucas vezes comparada com a história do Deus que se tornou humano. Mas Jesus assim o fez para que acreditássemos que o Médico dos médicos sabe dos nossos sofrimentos; ele voluntariamente se tornou um de nós. Ele se colocou em nosso lugar e sofreu nossas dores e medos.


Rejeição? Ele a sentiu. Tentação? Também sabe do que se trata. Solidão? Ele também a experimentou. Morte? Provou dela.


E pressão? Poderia escrever um livro de sucesso sobre o assunto.


Por que fez isso? Por uma única razão: para que quando você sofresse, fosse até ele, seu pai e seu médico, e ele o curasse."

Será que observar, pra Ele, é fácil?
Ainda não sou mãe, mas hoje, exatamente hoje, ouvi meu pai me dizer: "filha, estou triste não pelo que aconteceu, mas você estar triste me deixa triste."

Nós NUNCA vamos entender o propósito da dor.
Nunca vamos entender (com essa mente) o que Deus sente nos vendo passar por tantas coisas que NÓS reputamos INJUSTAS.

Mas algo é inegável: viver e sentir tudo isso... NOS LEVA A ELE.
E isso é tudo que Ele quer que entendamos agora.

("Um dia na vida de Jesus" , cap. 2 - de Max Lucado)